Capitulo 38
Séculos Depois...
(Lali/Annael) Olá, meu nome é Annael.
Mas também já fui chamada de Mariana Espósito, Francis de Lemart, Owiel Ramsset, Lucius Komanessi, Riruska Petrosky e outros tantos que não caberiam aqui nesse capitulo. Vivi na Argentina, no Egito, na França, no Brasil... Entre outros. Em alguns deles vivi mais de uma vez.
De alguns nomes que tive não me recordo, pois foram passagens muito rápidas.
Neste momento tenho uma vida nova, vivo em um país novo e tenho um novo nome mortal.
Gosto desse país. Ainda não está completamente contaminado pela ambição e pelo excesso de tecnologias e o chamam de País do Futuro. Os habitantes ainda são pessoas que valem a pena.
Mas nem o nome e nem o país importa agora.
O que importa é o objetivo de estar aqui na Terra.
Minha missão ou castigo continuará até o Dia Final.
Sei que não serei eximida das consequências dos meus atos, mas fui uma das poucas que se arrependeram amargamente por abandonarem suas formas de vida, na ambição de me tornar um elemento diferente do que fui criado para ser.
Mas como já disse, agora não importa mais.
O meu arrependimento deu-me a opção de escolha. Os outros não tiveram sorte semelhante. Até mesmo para os que fizeram a mesma escolha que fiz, a missão tornou-se insuportável.
Por isso continuo aqui. Aqui estou, tornando-me uma deles a cada etapa em minha "vida".
Envelhecer é um processo que não posso "desfrutar" por muito tempo. Não posso permanecer num corpo debilitado. Chamaria demais a atenção dos humanos.
As essências de que agora sou constituída, resultado da absorção dos Outros naquela noite fatídica, torna-me sempre um ser humano, digamos... especial.
Nunca "morri" de acidentes do tipo atropelamento ou queda. Todas as vezes em que algum deles iria acontecer, eu evitei, de um jeito não-terreno.
Lembro de uma tarde, quando ainda era um rapaz e estava andando distraidamente pela rua e, do nada surgiu um caminhão na minha frente. Num milésimo de segundo eu desviei do caminhão. Acho que se fosse um ser humano, tinha morrido na hora. Só morro de doença ou quando estou velha demais e a morte não chega, ai tenho que abandonar o corpo.
Morrer para mim é uma coisa comum. Não sinto a dor desesperada da perda que os seres humanos sentem ao terem suas vidas deixadas para trás.
É muito bom quando encontro os Outros. É quando me sinto livre, flutuando, fazendo parte do ar da noite. É quando descubro que não estou só no Universo, como me sentia antes de encontrar o Peter.
Peter... Senti muito o desperdício que foi me desfazer da sua companhia. Um ser tão lindo e magnifico, acho que já estava apaixonada, mas a tempo descobri suas artimanhas de outra forma, eu seria apenas mais um ser destruído, em prol das suas tentativas de voltar às origens.
Mudando de assunto, os únicos humanos capazes de realmente me ver como sou são impossibilitados de expressar essa descoberta. São as crianças. Os bebês humanos que ainda não aprenderam a falar.
Mas quando atingem uma certa idade perdem essa capacidade.
Foi com essas pequenas criaturinhas que aprendi que amá-los poderia valer a pena.
Por cauda delas e dos seres humanos bons de coração, a raça humana ainda existe.
Quem me dera tivesse mais tempo e pudesse protegê-los ainda mais. Alertá-los sobre os perigos sutis que os cercam. Mostrar-lhe a verdadeira face dos seres que se fazem de cordeirinhos em pele de lobos.
Quem me dera poder abrir os olhos deles e revelar todo o perigo que esses seres representam.
Dizer-lhes que não se enganem com as aparências.
Tenho que me conformar com o tempo que me resta e fazer dele o melhor que puder.
Enquanto for possível, estarei aqui, renascendo, fortalecendo-me a cada Restante destruído e ajudando os seres humanos no que for preciso para encontrar o seu caminho.
Estarei aqui... Nos encontraremos por aí... Fique atento e poderá até me reconhecer...
Autora: Licínia Ramizete
Adaptação: Bruno Cavalcante
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