34° Capitulo
Lali suspeitava que o número era grande, principalmente se visto sob o ângulo humano, mas até para ela havia sido uma surpresa ver que eles continuavam existindo depois de tanto sofrimento e de tanta energia desperdiçada! Apesar de eles estarem em grande número, não ocupavam espaço como ocupariam se estivessem na forma humana. Suas essências não eram constituídas de matéria, e por isso, por miríades que fossem, jamais ocupariam o espaço físico que os humanos ocupam.
Pôde perceber de imediato que eles não captavam a sua presença. Isso foi uma das primeiras precauções que ela havia tomado. Da outra vez, seu instinto a protegera, não permitindo que ela se deixasse mostrar, mas agora ela tomara medidas propositais para não ser vista.
Precisava se aproximar e sondá-los.
Deslocou-se cautelosa até próximo deles. Ainda sentia um certo receio por não confiar inteiramente nas suas capacidades, mas logo abandonou esse sentimento humano. A força que recebera logo ao chegar ali deixava-a novamente confiante.
Como previsto, nenhum deles pareceu aperceber-se de sua presença. Lali passeou por entre eles os observando, admirada. Era simplesmente inacreditável! Eram impressionantemente magníficos, até para ela! A mistura de luzes e cores proporcionava um espetáculo à parte.
Era de se esperar que ela ficasse embasbacada, afinal, fazia milhares e milhares de anos que ela não via muitos assim, e as suas formas primárias eram mesmo formidáveis.
Ela também era constituída dessa forma magnânima, mas ver-se refletida nos Outros era impressionante!
Sorriu para si mesma, imaginando se um ser humano presenciasse aquilo.
Seus pobres e imperfeitos corações certamente não suportariam. Talvez por isso, durante sua permanência como humana, ouvira histórias de que algumas pessoas teriam visto seres fantásticos em determinados locais e por isso tenham lhe atribuído santidade ou divindade.
Pobre mortais! Tão Vulneráveis! E logo, logo estariam sob o domínio deles...
Lali dispersou esses pensamentos, voltando a concentrar-se no que via. A luz que emanava do local era um misto de suavidade e intensidade, de acordo com o seu possuidor.
Ela logo notou que todos eram constituídos daquelas essências que vira nos três seres numa certa noite. Muitos tinham a aparência do Fogo, e muitos outros, a essência barrenta que lhe lembrava a Terra. Uma grande parte deles era constituídas desses elementos. Aqueles com forma Líquida (uma das mais lindas de se ver) eram poucos. Aliás, pouquíssimos, comparado à maioria.
E Peter era um deles.
Não demorou muito para Lali o encontrar. Ele estava em meio a um grupo de "Líquidos", e a beleza dele era ímpar. Os de elemento Fogo eram de uma beleza rara, difícil de explicar. Emanavam força e poder, mas não tinha a transparência e a beleza única que Peter possuía. Olhar para a sua forma liquefeita trazia imediatamente paz para dentro do seu observador e uma vontade incontrolável de ficar observando-os infinitamente!
Lali ficou observando Peter por alguns minutos, como se estivesse hipnotizada pela beleza dele. Era mesmo fantástico.
Alguns Terra e Fogo estavam em volta de um outro grupo, que Lali não havia percebido antes, por ser uma minoria gritante em comparação com os demais. Esses tinham uma essência volátil e eram quase imperceptíveis, mas também muito belos.
Sua essência era o Ar, e Lali pôde "se ver" mais uma vez.
(Lali) Então é assim que eu sou!
CONTINUA
Autora: Licínia Ramizete
Adaptação: Bruno Cavalcante
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