Lali estava cada vez mais confusa. Sua cabeça dava voltas, tentando coordenar em ideias todas as novas sensações que tomaram conta do seu ser. De repente, muitas coisas faziam sentido. Por que não se adaptara até hoje às ideias de muitos? Por que sentia bem somente em companhia de determinadas pessoas? Por que sempre tivera a impressão de que não fazia parte desse mundo?...
(Lali) Que Loucura! Não posso deixar que esse louco faça de minha pobre cabecinha sua fonte de ideias deturpadas.
De repente, teve a impressão de que andara sonhando. Que aquilo tudo nunca existiu. Que aquela conversa não havia tomado aquele rumo, mas, quanto mais pensava nisso, mais sentia o contrário: a verdade é que estava saindo de um sonho e só agora via uma realidade plausível.
As sensações que tinha eram reais, e o que vinha em seu cérebro eram lembranças adormecidas, dessas que a gente esquece mesmo, mas basta uma palavra para tudo vir à tona. Entretanto, no meio dessa confusão, de uma coisa Lali tinha certeza.
(Lali) Tenho que tomar muito cuidado com esse tal vampiro.
Conseguiu organizar um pouco seus pensamentos, controlando seu intimo, e fazendo uma das "coisas" que nunca deixara de fazer de que "o ser" havia mencionado: bloqueou sua mente contra pretensos invasores. Fazia isso por instinto, achando que era uma coisa que todo ser humano fazia, mas quando começou a mencionar isso para as outras crianças e adultos, começaram a olhá-la estranhamente, por isso passou a ignorar alguns dons, mas esse ela nunca havia deixado de fazer, pois por instinto, sabia que precisava se proteger. E foi isso que ela fez. Lali continuou seu diálogo, mais segura de si, apesar da mistura de fantasia e de realidade que teimavam em brigar no se cérebro.
Solitária diz: Ok, amigo. Podemos continuar nossa conversa?
Vampiro diz: Sem dúvida! A conversa está cada vez melhor! Mas sinto que houve uma mudança em você. É impressão desse velho vampiro? Não lhe sinto mais angustiada, nem solitária... Podia até mudar esse nick (risos...) Você parece mais fortalecida. Espero ter contribuido para isso... Percebo que sua Proteção é muito grande...
Solitária diz: Está se divertindo, não é? Mas sei que você não é isso tudo que imagina ser. Só para completar meu raciocinio, você poderia responder de uma vez a pergunta que lhe fiz antes?
Vampiro diz: Qual? A pergunta sobre como eu vivo? Claro menina! Como estava lhe dizendo, não somos mais os seres exilados que vocês imaginam que somos! Vivemos tanto no dia quanto na noite. Trabalhamos em diversos ofícios, como um ser humano qualquer. Eu, por exemplo, sou um cantor e um ator argentino. É muito fácil conviver em meio aos mortais, passando-se por um deles... Você sabe disso, afinal, utiliza-se do mesmo recurso, só que por causas diferentes! Ah! Não sei por que perco meu precioso tempo falando coisas que você já sabe! Você quase me convence de que não lembra de nada mesmo!
Solitária diz: Mas não me lembro, mesmo! Eu... Eu... Lembro de flashes! Pensamentos que parecem sonhos. Visões quando estou acordada, mas nenhuma lembrança concreta de nada. Do que você está falando?
Vampiro diz: Então, como já lhe disse que hoje estou bonzinho, vou tentar lhe ajudar. Aceita minha ajuda?
Solitária diz: Acho que sim. Não tenho mesmo muita escolha. Mas como posso lhe encontrar de novo? Como posso saber que isso tudo não foi um sonho idiota? Como saber se, depois que eu desligar o pc, não me sentirei a mais completa das idiotas, ao ver que caí numa conversa com um cara comum, só que mais inteligente que os que costumo ver?
Vampiro diz: Ah! Obrigado pelo inteligente! Você também é, e isso foi uma das coisas que me fez conversar com você. Perguntou-me como saber se isso tudo foi verdade? Entre depois nessa mesma sala de bate-papo e procure-me. Você certamente saberá que sou eu. Tenho uma surpresa para você, mas só depois de alguns dias você saberá. Tenho que ir agora. Beijos... de vampiro, pra você, doce... imortal... (kakakaka).
Lali ficou um longo tempo parada, olhando o computador à sua frente. Não conseguiu entender bem o que ele havia dito.
(Lali) O que ele queria dizer com surpresa? Por que alguns dias depois? Por que não amanhã?
Lali desligou a máquina e foi dormir. Os pensamentos se atropelavam em sua cabeça e revirou-se inúmeras vezes na cama até conseguir pegar no sono.
No dia seguinte, como previsto, lembrou-se da história com um sorriso e sentiu-se uma completa idiota.
(Lali) Onde estava com a cabeça quando se deixei envolver por um hacker? É claro que ele só poderia ser um hacker. Sabia algumas coisas sobre mim por ter, certamente invadido meu micro, descobrindo minhas conversas com as amigas, e jogou aqueles "verdades" fazendo-a embarcar nas suas "viagens" emocionais. Ele deve ter se aproveitado ao ver meu nick, Solitária, e deduziu que eu estava angustiada por estar até aquela hora na internet, em pleno sábado. Como fui idiota?
CENA II
(Rocio) Gastón?
(Gastón) Oi amor.
(Rocio) Acredita que eu tento ligar para a Lali e nunca dá certo!
(Gastón) Pera ae, vou tentar.
Gastón tenta ligar para Lali.
(Telefonista) ESSE NÚMERO NÃO EXISTE.
(Gastón) Valha! Mas não deve ser nada de mais.
(Rocio) Tomara que não.
CENA III
(Policial) Qual foi a causa da morte dessa moça?
(Perito) Parada respiratória.
(Policial) Nossa! Uma moça tão jovem morrer disso?
O que eles não perceberam foi dois furinhos bem pequeninos no seu pescoço.
(Vampiro) Hahaha
quinta-feira, 14 de abril de 2011
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