(Euge) Olha Lali, tenho que concordar com você, mas às duas horas da manhã, sou capaz de me deixar convencer de que o Papai Noel e o Coelho da Páscoa se casaram ontem, mas tenho certeza de que amanhã teremos uma explicação concreta sobre isso e daremos boas risadas dessa história sobrenatural. Prometo que amanhã eu lhe telefono. Vá dormir e me deixe dormir também. Amanhã conversaremos.
Euge até que telefonou no dia seguinte, mas a explicação não fora encontrada nem naquele dia, nem nos próximos.
Depois de algumas conversas, Lali resolveu não incomodar mais Euge com aquele assunto e passou a, sozinha, tentar encontrar explicações racionais que a fizesse provar que tudo é real e que todo sobrenatural poderia ter uma explicação.
Há milênios as pessoas não eram queimadas vivas em fogueira porque os outros, não encontrando explicação para o que viam ou ouviam, acreditavam estar diante de algo sobrenatural?
Hoje em dia, inúmeros "milagres" não eram cientificamente justificados?
Até o infeliz do Galileu Galilei não teve que ficar preso por um bom tempo por questionar fatos como a forma da terra?
"Lali? Está no mundo da lua novamente?"
De vez em quando, ela ouvia isso de um colega e até do seu chefe, mas a verdade é que esse assunto estava tomando conta dos seus pensamentos.
Mas ela não mais se incomodava com as pessoas. Tinha um novo segredo: o seu "Vampiro" particular.
Na tentativa de encontrar uma explicação, ponderava as possibilidades, paralelamente. Procurava uma explicação cientifica e justificável, mas, ao mesmo tempo, seu lado fantasioso teimava em fazê-la pesar nas outras possibilidades:
(Lali) E se ele fosse mesmo um vampiro? Como seria viver como um vampiro? Como ele poderia ter me dado aquele beijo, num carro em movimento, no momento em que estava acordada e conversando com o motorista?
Tudo o que sabia a respeito de vampiros era o que vira em filmes e livros, e não lembrava de nenhum deles ter mencionado nada parecido. Repassou em sua mente tudo o que sabia sobre esses seres: eram mortos-vivos, que se alimentavam de sangue, tinham vida noturna, não saindo durante o dia, temiam as cruzes e igrejas, temiam o alho (Lali sempre achou isso idiotice), alguns se transformavam em morcegos e lobos, moviam-se com extrema velocidade, hipnotizavam suas vitimas, etc., etc. Só que nisso tudo, Lali se lembrou de uma de suas conversas com esse tal Vampiro e começou a dar gargalhadas sem parar, ao lembrar que ele tinha dito que já tinha se alimento de cocô.
Isso tudo variava de muito filme para filme e de livro para livro, mas as informações que o seu amigo virtual lhe havia fornecido sobre eles divergiam em algumas coisas. Ele lhe havia informado que trabalhava como um mortal qualquer, saindo à luz do dia, "ganhando a atenção e a confiança das suas presas."
Então o que mais poderiam fazer? Poderia ter-lhe dado aquele beijo? Mas ele disse que vivia em Buenos Aires e ela se encontrava numa cidade bem distante, naquele momento... Como ele fez aquilo, se é que havia feito?
Lali riu novamente, sozinha no seu quarto, relembrando esses dias conflitantes. Só saberia as respostas para essas perguntas meses depois. E lembrou-se de como se sentira terrivelmente sozinha em sua busca...
Na época, Lali fez novos amigos na Internet. Pessoa que, assim como ela, diziam gostar de vampiros; alguns até almejavam se tornar um deles. Essa tentativa era em busca de algum indicio que a fizesse ter uma explicação. Não falara mais com "ele" por medo, ou pelo menos até ter "armas" suficientes para lidar com ele. Mas as suas pesquisas, pouco pôde tirar de proveitoso dos seus novos amigos internautas. A maioria estava curiosa em ouvi-la contar sua experiência sobrenatural. Alguns duvidavam e outros ficavam surpresos ou com inveja dela.
Dias a fio, Lali pesquisou. Descobrira várias informações preciosas, que a ajudaram a formar algumas conclusões. Por não saber mais o que fazer, de vez em quando entrava na sala de bate-papo para enfrentá-lo de uma vez por todas, mas ele nunca estava lá. Por fim, Lali desistiu. Resolveu sepultar aquela história juntamente com seu autor sinistro.
Até uma noite...
Lali estava dormindo um sono leve e tranquilo, quando sentiu um hálito fresco em seu pescoço. Acordou assustava, ainda tendo aquela sensação, e puxou as cobertas para si, já que o quarto, de repente, tornou-se terrivelmente frio.
De repente, viu uma luz no quarto e verificou que havia deixado o computador ligado.
(Lali) Que droga! Pensei que tinha desligado essa porcaria! [falou, zangada e em voz alta]
Lembrou-se de que andava, ultimamente, com a cabeça nas nuvens, e deixar o micro ligado já não seria uma novidade. Enrolando-se no lençol, já que o frio continuava intenso, levantou-se para desligá-lo. Quando pousou a mão sobre o mouse já direcionando para o menu Iniciar/Desligar, observou que ainda se encontrava dentro do site de bate-papo. Olhando atentamente para a tela, pôde ver o nick piscando:
segunda-feira, 18 de abril de 2011
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