Lali encontrava-se deitada em sua cama, lembrando-se quando e como toda sua vida mudara da água para o vinho depois que acessara aquela sala de bate-papo.
Hoje, ela sentia-se finalmente em paz consigo mesma. Hoje, ela havia encontrado o seu lugar. Ou era o que ela pensava, depois de tantas conversas (e longo debates consigo mesma) com o seu amigo Peter (ou o amigo Vampiro, como ele preferia ser chamado).
Estava feliz revivendo essa trajetória.
Depois de ter resolvido consigo mesma o conflito entre manter o ceticismo, extinguindo completamente a possibilidade de existir um vampiro ou algo semelhante e aceitar que "existe muito mias entre os céus e a terra do que julga a nossa vã filosofia", Lali resolvera seguir um meio-termo: faria um verdadeiro interrogatório e, à medida que fosse obtendo as respostas, pesquisaria o que pudesse ser considerado como verossímil, fazendo de tudo para aceitar as coisas que ela não conseguisse explicar, mas a condição de que só as aceitaria se tivessem pelo menos um pouco de lógica.
Para sabe a veracidade do que ele lhe expusesse, usaria como fonte pesquisas na Internet, livros, revistas e conversas informais com pessoas que fosse, pelo menos, curiosas como ela sobre esse tipo de assunto.
Afinal de contas, se havia uma coisa de que tinha certeza, era que logicamente estava diante de algo que não conseguia explicar. Se resolvesse ignorar o que vinha lhe acontecendo ultimamente, teimando no seu ceticismo, poderia considerar-se, no mínimo, teimosa ou burra! - concluiu Lali.
Seu próximo passo foi arranjar caneta e papel e fazer anotações de tudo o que ela queria lhe perguntar.
Inicialmente, não lhe interessava saber nada sobre como é ser um vampiro, quais seus poderes, quem foi o seu iniciador, se algum dia ele esteve com alguma personalidade da História durante seus séculos de existência, ou curiosidades desse tipo. Estava cansada das suposições encontradas nos livros, das expressões tais como "seres da noite", "filhos da escuridão", "bebedores de sangue", etc. Além disso, receava que ele lhe decepcionasse respondendo suas perguntas com palavras copiadas desses livros.
Ela queria mais... Queria respostas para questões mais profundas... E se ele respondesse de forma convincente, poderia começar a crer na possibilidade de estar diante de uma grande descoberta! Se, ao contrário ele sequer entendesse do que ela estava falando, aí ela não perderia seu tempo. Ele não havia dito para seguir os seus instintos? Alguma coisa dentro dela dizia que, pelo menos neste ponto, ele estava certíssimo! Mal podia esperar para acessar novamente aquele site.
A noite chegou e, na hora sugerida por ele, Lali acessou o site, temendo não encontrá-lo, já que, em todas as vezes que assim fizera, sentira-se frustrada. E dessa vez não fora diferente... Quando entrou na sala de bate-papo e digitou o nick "VAMPIRO" à sua procura, obteve um "Usuário 'VAMPIRO' não se encontra na sala" como resposta.
Sentiu vontade de xingá-lo. Pôs-se de pé e, olhando a tela com a cara fechada, passou da vontade à ação: chamou-o de trapaceiro, impostor e outras acusações, em alta voz. Sentia vontade de chorar, como uma criança frustrada!
(Lali) Ele me enganou direitinho! Como fui tão idiota! Logo agora que resolvi ceder, baixar minhas armas de raciocínio lógico e inabalável e aceitar novos conceitos! Como fui ingênua em deixar-me enganar pelas armadilhas do sobrenatural!
Lali já se via como aquelas pessoas que não colocam os pés na rua sem antes ler um horóscopo ou que contornam uma escada para não passar por baixo dela.
(Lali) Logo eu fui cair na armadilha de um 'mané' da Internet. Aliás, se tem algum 'mané' aqui, sou eu, e não ele!
Estar à mercê da vontade dele de aparecer era uma coisa que deixava Lali furiosa! Soltando mais algumas imprecações, Lali começou a andar de um lado para outro do quarto. Sua raiva aumentava, e ela acreditava que fazer isso a acalmava.
(Lali) Droga! Por que não pedi um e-mail? Por que não pedi um número de telefone, um contato, qualquer coisa? Por que não pedi uma forma de eu entrar em contato e não ficar à mercê da vontade dele? Eu sou uma IDIOTA!
Sua respiração estava ofegante, seu coração batia com força dentro do peito e Lali percebeu que não era hora para chiliques, xingar, chutar o computador ou coisa parecida. A verdade estava lá, nua e crua: ele não iria aparecer só porque ela queria.
Com o coração acelerado pela raiva, sentou-se novamente em frente à tela e, inesperadamente, uma ideia tomou forma em sua cabeça, trazendo, junto com ela, uma verdadeira confusão.
Não era exatamente uma ideia; Era uma sensação nova... Nova não! Não era nova. Era diferente, mas não era nova. Era como se ela fizesse isso inconscientemente, e agora estava fazendo de uma forma consciente.
Um redemoinho a invadia, e os pêlos dos seus braços começaram a se arrepiar. Gradativamente, sentiu que os das pernas faziam o mesmo, e em seguida, os cabelos da sua cabeça também estavam de pé. Sim! Era isso! Ela QUERIA! Ela QUERIA que ele aparecesse. Instintivamente, fechou os olhos e abriu os braços, como se dissesse àquela sensação: Sim! Eu QUERO!
E aí aconteceu.
Aquela impressão que tivera durante o sonho, quando estava voando... Seu corpo ficou leve. Imaginou-se em outra dimensão. Não ousava abrir os olhos, com medo de que aquela sensação maravilhosa desaparecesse.
De início, com os olhos fechados, só via escuridão. A luz fraquinha da tela do micro já não mais existia e era só escuridão. E ela o viu. Ele estava ali do seu lado. Na escuridão que os seus olhos fechados proporcionavam, ela vislumbrava a sua forma etérea.
Sim, era ele e estava ali do seu lado! Tinha certeza absoluta disso. Era o mesmos sentimento daquele dia do beijo.
Não via nada, mas sentia-o! Sabia que ele estava ali e que era ele!
CONTINUA
terça-feira, 26 de abril de 2011
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Um comentário:
Sou seu blog parceiro olha a sinopse da minha novela comente se for possivel
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